Por Marcos Marinho, especial para o Política e Cotidiano
A recente operação da Polícia Federal que desarticulou um plano golpista envolvendo militares, apelidados de “kids pretos”, reacende um alerta sobre a infiltração de ideologias extremistas nas Forças Armadas brasileiras. Os planos incluíam assassinatos do presidente Lula, do vice- presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, além de uma tentativa de instaurar uma ditadura no país, revelando a escalada de radicalização de segmentos alinhados à extrema direita desde 2018.
O grupo, composto por militares experientes, foi treinado em operações especiais e articulou um plano violento para desestabilizar as instituições democráticas. Com raízes no bolsonarismo, os envolvidos, incluindo assessores próximos de figuras-chave do governo Bolsonaro, demonstram a continuidade de uma agenda antidemocrática que não se encerrou com a derrota nas urnas de 2022.
Esse episódio simboliza o perigo de a política se misturar com o militarismo, especialmente quando apoiada por discursos de ódio e desinformação. A radicalização de setores das Forças Armadas começou a se tornar mais visível durante o governo Bolsonaro, que frequentemente incentivava narrativas golpistas, enfraquecendo a confiança nas urnas eletrônicas e atacando adversários políticos e o Judiciário. Tal estratégia abriu espaço para que elementos como os “kids pretos” se organizassem, usando sua expertise militar para finalidades antidemocráticas.
O episódio ressalta a necessidade de reformas que protejam a democracia da influência de atores armados radicalizados. Embora a atuação da Polícia Federal e das instituições tenha impedido o pior, é fundamental que a sociedade e as lideranças políticas permaneçam vigilantes. As Forças Armadas devem ser um pilar de estabilidade e não um veículo para agendas de intolerância.
O Brasil precisa enfrentar a radicalização extremista com diálogo, educação política e punição exemplar dos envolvidos. Só assim será possível reafirmar os valores democráticos e isolar os perigos que ameaçam as bases da República.