No Dia da Consciência Negra, relembramos histórias de resistência, liderança e conquistas que marcaram a trajetória do povo negro no Brasil. Em Goiás, 2024 marca a primeira vez em que a data é celebrada como feriado.

Embora o dia 20 de novembro, que lembra a morte de Zumbi dos Palmares — um dos maiores símbolos nacionais da resistência à escravidão e do enfrentamento ao racismo —, esteja no calendário oficial brasileiro desde 2011, ele só era feriado em alguns estados e municípios. Foi somente em 2023 que o Congresso Nacional aprovou a lei que transformou o Dia da Consciência Negra em feriado nacional.

O que muitos goianos não sabem é que, em nosso estado, um homem negro, filho de uma ex-escrava, foi o primeiro deputado goiano e o único representante de Goiás na Constituinte de 1823. Silvestre Álvares da Silva destacou-se como político, orador e uma figura influente na corte do Brasil Imperial, deixando um legado de pioneirismo e resistência.

A jornada de Silvestre Álvares, o primeiro deputado goiano

Aos 20 anos, Silvestre mudou-se para Jaraguá com seu pai. Em busca de realizar o sonho de tornar-se padre, foi morar no Rio de Janeiro, onde foi ordenado. A casa onde viveu em Jaraguá ainda é preservada, construída em pau a pique e tombada pelo Governo de Goiás em 2004 como patrimônio histórico.

Silvestre ingressou na política em 1822 e foi eleito deputado em um período de grandes transformações no Brasil. Conhecido como excelente orador, ganhou a confiança de figuras importantes, como Dom Pedro I, e tornou-se um símbolo da representação goiana nos primeiros passos da política nacional.

Chica Machado: a força por trás da história

A história de Silvestre também é inseparável da de sua mãe, Chica Machado, uma mulher negra, ex-escrava, que se tornou uma liderança admirada na região de Cocal (hoje Niquelândia). Casada com um português rico, Chica usou sua fortuna para comprar a liberdade de escravos e transformar vidas.

Com sua determinação, Chica construiu uma reputação de respeito e liderança em sua comunidade. Decisões importantes da região eram tomadas com sua aprovação. Libertava escravos e oferecia-lhes uma nova chance de vida, sendo pioneira na luta por dignidade e igualdade.

Um legado de resistência e inspiração

A trajetória de Silvestre Álvares da Silva e Chica Machado é um lembrete do poder transformador da luta pela liberdade, igualdade e representatividade. No Dia da Consciência Negra, sua história ecoa como um símbolo de superação e contribuição para a construção de uma sociedade mais justa.

Que a memória dessas figuras inspire as gerações atuais a continuar na luta por uma sociedade igualitária e inclusiva.

_{Por Jéssica Neves}