*Destaque, Brasil, Política Dia da Consciência Negra é reivindicação social desde a ditadura

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, tem um significado profundo de luta e afirmação da identidade negra no Brasil. Sua história começa em 1971, durante a ditadura militar, quando um grupo de estudantes e militantes negros de Porto Alegre, conhecidos como o Grupo Palmares, começaram a reivindicar a substituição do 13 de maio (data da abolição da escravatura) por uma data que realmente representasse a luta e resistência negra: o 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo de resistência à escravidão.

O Grupo Palmares, formado por jovens intelectuais e ativistas, questionava a celebração da abolição, que, para eles, não trouxe mudanças concretas para os negros, e passaram a buscar outras referências históricas. Zumbi e o Quilombo dos Palmares, com sua luta pela liberdade e pela construção de uma sociedade mais justa, tornaram-se o foco de suas ações.

Em 1971, o grupo realizou o primeiro evento em homenagem a Zumbi, apesar da censura da ditadura militar, que tentava barrar manifestações de caráter político. A data logo ganhou força e foi incorporada ao movimento negro, especialmente a partir de 1978, com a redemocratização gradual do Brasil. O movimento culminou na criação do Movimento Negro Unificado (MNU), que fortaleceu a luta pelo reconhecimento do 20 de novembro como data de afirmação da cultura e da história negra.

O MNU e outros ativistas não só lutaram pelo reconhecimento de Zumbi como símbolo de resistência, mas também pela inclusão de temas como a história da África e a luta contra o racismo no currículo escolar, uma demanda que se concretizou em 2003, com a Lei 10.639, que estabeleceu o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.

Em 2011, o Dia da Consciência Negra foi oficialmente instituído como feriado nacional, depois de ser adotado por diversos estados e municípios. A data simboliza não apenas o reconhecimento da história negra, mas também a luta contra o racismo e pela igualdade social. De acordo com o senador Paulo Paim, relator do projeto que transformou o dia em feriado, “somente seremos um país de primeiro mundo quando pusermos fim a essa chaga do racismo, do preconceito e da discriminação”.

Hoje, o Dia da Consciência Negra é um dia para reflexão, educação e, principalmente, para a luta contínua pela igualdade e valorização da cultura negra no Brasil. Com 55,5% da população brasileira se identificando como negra (pretos e pardos), o dia se torna uma oportunidade para celebrar a resistência histórica e o legado dos negros na construção do país, além de ser um momento para lembrar que a luta contra o racismo é uma questão de justiça social que envolve todos os cidadãos.

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