Por Marcos Marinho, especial para o Política e Cotidiano.
A eleição de Sandro Mabel como prefeito de Goiânia inaugura um cenário político repleto de expectativas e desafios nas relações com o governo estadual e federal. Enquanto Sandro assume uma postura pragmática e conciliadora, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, já articula seus próximos passos com vistas a uma possível candidatura à Presidência da República em 2026. Essa ambição pode acirrar diferenças entre os dois líderes, especialmente considerando os interesses divergentes que começam a se delinear.
Relação com o Governo Federal
Sandro Mabel tem dado sinais claros de que pretende manter uma relação próxima e produtiva com o governo federal liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. Sua postura pragmática sugere que ele entende a importância de buscar investimentos e parcerias diretamente com Brasília, adotando um estilo conciliador e alinhado às estratégias de articulação política do presidente Lula. Essa abordagem contrasta com a posição de Ronaldo Caiado, que, para viabilizar sua candidatura presidencial em 2026, pode precisar endurecer ainda mais seu discurso contra o governo federal, buscando o apoio da base bolsonarista.
Caiado, que já flertou com a moderação após o término do governo Bolsonaro, enfrenta a necessidade de se reposicionar à direita para conquistar o aval de lideranças bolsonaristas. Esse movimento pode limitar sua capacidade de colaborar com Brasília, criando tensões institucionais que dificultem a execução de projetos compartilhados entre o governo estadual e a prefeitura da capital.
Capacidade de Articulação Política
Com sua experiência no setor empresarial e político, Sandro Mabel demonstra habilidade em construir pontes com diferentes grupos e partidos, buscando soluções práticas para as demandas de Goiânia. Ele já começou a montar sua equipe de transição com nomes que dialogam diretamente com o governo federal, o que pode ser interpretado como um movimento estratégico para garantir recursos e apoio direto de Brasília.
Por outro lado, Caiado pode ser forçado a adotar uma postura mais ideológica e menos conciliatória, caso deseje consolidar seu nome como candidato presidencial com apelo entre os bolsonaristas. Essa estratégia, além de limitar sua margem de manobra com o governo federal, pode aumentar as diferenças entre sua administração e a de Sandro, que aparenta estar mais focado em atender as necessidades locais do que em aderir a disputas políticas nacionais.
Possibilidade de Divergências
A busca de Caiado por apoio bolsonarista para sua eventual candidatura presidencial em 2026 coloca Goiânia em uma posição delicada. Caso Sandro Mabel continue a estreitar laços com o governo federal, a capital pode se tornar um exemplo de gestão pragmática que contrasta com um discurso mais combativo por parte do governador. Isso cria um cenário de possíveis atritos institucionais e políticos, especialmente se recursos federais forem direcionados para Goiânia em detrimento de outras regiões do estado.
A independência que Sandro Mabel busca demonstrar também pode ser vista como uma ameaça ao protagonismo de Caiado no cenário estadual. Com agendas potencialmente conflitantes, os dois líderes podem acabar seguindo caminhos distintos, principalmente à medida que as eleições de 2026 se aproximam e a polarização nacional se intensifica.
Cenário futuro
Enquanto Ronaldo Caiado se prepara para uma escalada política que pode envolver uma radicalização de seu discurso contra o governo federal, Sandro Mabel parece trilhar o caminho oposto, privilegiando o diálogo e a cooperação. Essa divergência de estratégias, somada à ambição de Caiado em disputar a Presidência da República com o apoio bolsonarista, pode intensificar o distanciamento entre o governador e o prefeito eleito. O cenário que se desenha para os próximos anos em Goiás é, portanto, marcado por disputas de protagonismo que têm potencial de reconfigurar o equilíbrio político do estado e sua relação com Brasília.