*Destaque, Opinião Representantes ou sequestradores da política nacional?

Por Marcos Marinho, especial para o Política e Cotidiano.

A relação entre o Legislativo e os governos de Dilma, Temer, Bolsonaro e Lula evidencia um padrão preocupante: o Congresso muitas vezes atua em benefício próprio, usando sua posição para barganhar vantagens e bloquear pautas essenciais. Essa prática cria um cenário onde o Executivo e, por extensão, o povo brasileiro, tornam-se reféns de interesses que nem sempre são transparentes.

Durante o governo Dilma, a resistência do Congresso culminou no impeachment, expondo uma dinâmica onde divergências políticas se transformaram em armas legislativas. Já Temer navegou essas águas garantindo apoio por meio de emendas e cargos, enquanto também tentava fugir de denúncias de corrupção. Jair Bolsonaro fortaleceu o “orçamento secreto”, aprofundando a influência parlamentar sobre recursos públicos, enquanto seu governo não conseguia realizar as entregas prometidas em campanha. Lula, por sua vez, enfrenta críticas sobre articulação política e dificuldades em alinhar sua base, resultando em atrasos na aprovação de projetos prioritários, enquanto também acumula desgastes e insatisfações entre segmentos que o apoiaram.

Diariamente vemos exposta na mídia nacional uma atuação, por parte do parlamento brasileiro, bastante descolada da realidade nacional. Com pautas e interesses particulares das lideranças partidárias e dos caciques políticos que controlam os bastidores de Brasília, Câmara e Senado seguem uma rotina alheia às demandas dos brasileiros, como se deles não fossem representantes constituídos pelo voto. Ainda que seja natural a dinâmica de equalização de poder entre o legislativo e o executivo, o mero boicote às pautas do governo, manifestado pelo atraso nas votações, em obstruções de pauta, pedidos de vista e engavetamentos de projetos sem justificativas plausíveis, deixa transparecer que nosso sistema presidencialista está paulatinamente sendo transformado em um parlamentarismo velado e obscuro, carente do mínimo de transparência.

Esse cenário é um alerta: a democracia brasileira depende não apenas da escolha de presidentes, mas também da eleição de representantes comprometidos com o bem comum. A participação cidadã não deve se encerrar nas urnas. É imperativo acompanhar as ações dos parlamentares, exigir transparência e cobrar condutas éticas.

A sociedade tem o poder de transformar essa relação. Informar-se sobre as propostas e o histórico dos candidatos ao Legislativo é tão crucial quanto votar para presidente. Além disso, monitorar a atuação parlamentar, denunciar práticas inadequadas e pressionar por mudanças estruturais é indispensável para reduzir os danos de uma política sequestrada por interesses individuais.

Marcos Marinho – Professor e estrategista político

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