O Ministério Público Eleitoral (MPE) propôs uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) por abuso de poder econômico e captação ilícita de votos em Acreúna, município do interior goiano. A ação é direcionada a candidatos, apoiadores e coordenadores de campanha da coligação Inovar para Avançar, que disputou as eleições de 2024 para cargos no Executivo e Legislativo.
De acordo com as investigações, o esquema envolvia a distribuição de cestas básicas em troca de votos, operação coordenada por Ogério Rodrigues da Silva Arantes, responsável pela campanha, e intermediada por Abgair Aparecida de Oliveira. O fornecimento gratuito das cestas foi negociado com Donizete Alves de Oliveira, proprietário do Supermercado Campeão, que ficou encarregado das entregas.
Como funcionava o esquema
Os envolvidos indicavam ao supermercado nomes e endereços de eleitores beneficiados. Durante a operação policial em 2 de outubro, mensagens apreendidas no celular de Donizete confirmaram a prática. Segundo o MPE, 127 cestas básicas já haviam sido entregues, e 100 cestas adicionais estavam previstas para distribuição. As trocas de mensagens apontam que o esquema funcionava desde agosto de 2024 e poderia envolver um número ainda maior de cestas.
Principais envolvidos
Entre os acionados pelo MPE estão:
- Ogério Rodrigues da Silva Arantes: coordenador da campanha, preso em flagrante.
- Abgair Aparecida de Oliveira: intermediária do esquema.
- Donizete Alves de Oliveira: dono do supermercado responsável pelas entregas.
- Candidatos e apoiadores da coligação, incluindo:
- Aretusa Gonçalves Silva (presidente da Câmara Municipal),
- Mariluce da Silva Ferreira (vice-prefeita),
- Júlio César Naves de Melo Filho e Edilson Faria da Silva (vereadores eleitos),
- Diego Smith Rodrigues da Silva Arantes (vereador eleito),
- Candidatos não eleitos: Ronita de Souza Nunes Pires, Lorrayne Ferreira de Jesus, Suellen Rosa Ribeiro, Aleir Ferreira do Carmo e Manoel Dias Monteiro.
Abuso de poder econômico
O promotor Sandro Henrique Silva Halfeld Barros destacou que a compra de votos compromete a legitimidade do processo eleitoral e configura crime eleitoral. As provas, como registros de mensagens e controle detalhado das entregas, revelam uma organização estruturada que utilizou o poder econômico para influenciar o resultado do pleito.
Consequências
O caso pode resultar na cassação dos registros de candidatura e dos mandatos dos envolvidos. As investigações continuam com base nas provas apreendidas, incluindo o celular de Donizete, que confirmou a extensão do esquema.
A operação reforça o compromisso do MPE com a lisura das eleições e a igualdade de condições entre os candidatos. O processo segue em andamento.