*Destaque, Política Maduro assume terceiro mandato e propõe reforma constitucional em meio a crise política na Venezuela

O presidente Nicolás Maduro tomou posse para seu terceiro mandato nesta sexta-feira (10), em Caracas, prometendo reformas estruturais em meio a forte pressão interna e externa. A cerimônia no Palácio de Miraflores reuniu cerca de 2 mil convidados internacionais, entre representantes de governos, movimentos sociais e culturais.

A posse ocorre em um cenário de crescente isolamento político. Governos de potências ocidentais, como Estados Unidos, Canadá e União Europeia, além de países da América Latina, como Argentina e Chile, condenaram o processo eleitoral venezuelano de 28 de julho de 2024, acusando-o de falta de transparência. Mesmo nações próximas a Caracas, como Brasil e Colômbia, expressaram críticas, mas enviaram representantes diplomáticos à cerimônia.

Protestos e oposição

Na véspera da posse, manifestações contra Maduro tomaram as ruas de várias cidades, incluindo Caracas. A ex-deputada Maria Corina Machado, uma das principais lideranças opositoras, participou dos protestos, reforçando a reivindicação de que Edmundo González, opositor de Maduro, teria vencido as eleições. Em discurso, González destacou o desejo de mudança da população e acusou o governo de usurpar o resultado eleitoral.

A oposição enfrenta dura repressão. Maria Corina Machado foi alvo de rumores de prisão, mais tarde desmentidos, enquanto o ex-candidato presidencial Enrique Márquez foi detido sob acusação de tentativa de golpe de Estado. Márquez teria articulado um plano para declarar González presidente a partir de uma embaixada venezuelana no exterior.

Além disso, o governo anunciou a prisão de 150 estrangeiros acusados de planejar ações para desestabilizar o país e impedir a posse de Maduro.

Reforma Constitucional

No discurso de posse, Maduro anunciou a criação de uma comissão para elaborar uma reforma constitucional que propõe consolidar um novo modelo de Estado, denominado “Estado comunal”. O projeto, inspirado no ex-presidente Hugo Chávez, busca, segundo Maduro, “democratizar até o infinito a vida política e social da Venezuela” e definir o modelo de desenvolvimento para as próximas décadas.

A reforma será debatida na Assembleia Nacional, de maioria chavista, e submetida a referendo popular até o final do ano. Além disso, o calendário de 2025 prevê eleições regionais e legislativas, mas as datas ainda não foram divulgadas.

Cenário internacional

Edmundo González, exilado na Espanha, busca apoio internacional contra o governo de Maduro e já foi recebido por líderes de diversos países. Nos Estados Unidos, chegou a pedir que militares venezuelanos impedissem a posse do atual presidente.

O governo de Maduro respondeu com a promessa de prender González caso ele retorne ao país, oferecendo uma recompensa de US$ 100 mil por informações que levem à sua captura.

A posse marca o início de um mandato em um país profundamente polarizado, com desafios econômicos, sociais e políticos que prometem manter a Venezuela no centro das atenções internacionais.

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