*Destaque, Goiás, Notícias Gerais, Política Conflito dentro do União Brasil é causado por pré-candidatura de Caiado à presidência

Na manhã de sexta-feira (4), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou oficialmente sua pré-candidatura na Bahia. Aliás, a escolha não foi por acaso: além de ser casado com Gracinha Caiado, que é baiana, o candidato se apresenta como uma nova alternativa no espectro político da região, sendo o território comumente mais propício a políticas de esquerda – um posicionamento estratégico frente ao número alto de desaprovação do governo Lula em pesquisa publicada recentemente pelo Instituto Genial/Quaest.

Dentre as presenças no evento, que contou com lideranças locais, prefeitos, deputados e líderes religiosos de todo o país, era esperado o comparecimento do presidente da sigla de Caiado, Antonio Rueda, mas ele não apareceu na ocasião, fato este que evidencia ainda mais a crescente tensão dentro do União Brasil.

Racha interno

Com um cenário político incerto, já que a intenção de se reeleger do presidente Lula (PT) ainda não foi confirmada, e também, com a inelegibilidade do maior nome da direita brasileira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a movimentação de Caiado foi se colocar, o mais rápido possível, como uma alternativa à direita para 2026.

Para o estrategista político e professor Marcos Marinho, a jogada de Caiado é ousada, entretanto, necessária para ganhar uma luta contra o tempo, a fim de ser reconhecido nacionalmente, mesmo vindo de um estado pequeno, no quesito de eleitorado: “Ele está adiantando um pouco o processo, para aproveitar esse vácuo de nomes que não estão postos ainda. O espectro da direita está sem nome definido, há vários nomes ventilados, mas nenhum se colocou de fato como pré-candidato. Então é uma medida até ousada do Caiado, mas se não sair na frente, ele não terá tempo de ganhar a visibilidade que precisa”.

Portanto, essa é uma das razões para que o União Brasil esteja internamente em conflito. A crescente preocupação em manter um bom relacionamento com o presidente Lula, principalmente por parte dos ministros da Esplanada filiados à sigla, vai de encontro com os outros membros do partido que preferem apoiar um candidato que seja indicado por Bolsonaro.

Além disso, estão em andamento as negociações para uma federação entre o União Brasil e o Progressistas, e com uma nova formatação das legendas – o UB e o PP, se tornaram um só – o movimento de Caiado precisaria da aprovação dos novos dirigentes da federação, que não foi formalizada até a última atualização desta matéria. E ainda, um novo desafio aparecerá, caso o acordo seja firmado: os membros do PP, por nutrir uma boa relação com Bolsonaro, tendem a apoiar o candidato apadrinhado por ele.

Novamente em conversa com Marcos Marinho, ele nos explicou quais os benefícios dessa possível federação, “Essa junção, na minha leitura, tem como objetivo a ampliação da base dentro da Câmara, o que formaria a maior bancada da casa, e daria uma fatia do fundo partidário gigante para disputar as eleições do ano que vem. Porque, em nível de sobrevivência, ambos conseguem sobreviver sozinhos”. Marinho complementa apontando o risco de, ao verticalizar as legendas, ignorar os problemas locais que serão debatidos na eleição de 2028.

Vale lembrar que após as eleições municipais de 2024, Caiado e o ex-presidente têm se desentendido, afinal, eles apoiaram candidatos rivais ao cargo de prefeito na cidade de Goiânia. Eles apoiaram, respectivamente, o atual prefeito Sandro Mabel (UB) e o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) – o cenário de inimizades deve se manter, uma vez que, enquanto Caiado discursava em Salvador, Bolsonaro estava no Paraná com o governador do Estado, Ratinho Junior, em almoço reservado no Palácio Iguaçu, sede do governo estadual.

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