*Destaque, Goiás, Política 100 dias de Mabel na Prefeitura: polêmicas, promessas e realizações

Sandro Mabel completa 100 dias de gestão na próxima quinta-feira (10)

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), completa, na próxima quinta-feira (10), 100 dias de gestão com promessas parcialmente cumpridas e uma série de polêmicas. Ele tem apostado em ações como mutirões de serviços urbanos, decretos emergenciais e mudanças no trânsito, mas já acumula críticas por decisões apressadas e falta de diálogo com sua base parlamentar.

Embora tenha assumido oficialmente em 1º de janeiro, a influência de Mabel na gestão municipal começou ainda em 2024, durante a transição do governo de Rogério Cruz. Na prática, já indicava nomes e participava de decisões administrativas antes mesmo de tomar posse. “Não vou esperar dia 1° de janeiro para começar a trabalhar”, disse o prefeito em novembro do ano passado.

Algumas decisões como o corte de gratificações e benefícios foi vista com uma medida desnecessária e empresarial. “Ele está tratando o servidor como custo, e não como parte essencial da cidade”, afirmou Ronaldo Gonzaga, presidente do SindiGoiânia, em janeiro deste ano.

Na Câmara Municipal, vereadores da base e da oposição reclamam da falta de diálogo e de decisões tomadas de forma unilateral. Segundo o cientista político, Guilherme Carvalho, em conversa ao podcast do Política e Cotidiano, a impressão que fica é que Mabel tenha agido como o “dono da fábrica de bolachas” e não como chefe do Poder Executivo.

“Algumas medidas, a meu ver, são muito populistas e não combinam com o perfil do Sandro Mabel. O maior problema não está na saúde, na educação nem nas finanças. Está na má gestão, o que ficou claro no governo do Rogério Cruz”, disse Guilherme.

Taxa do Lixo

A Taxa de Limpeza Pública (TLP), conhecida como Taxa do Lixo, se tornou um dos pontos mais polêmicos dos primeiros 100 dias de gestão de Sandro Mabel. Embora a lei tenha sido aprovada em dezembro de 2024, ainda na administração de Rogério Cruz, foi sob a articulação e influência direta de Mabel que a cobrança ganhou forma. A previsão é que a taxa comece a ser cobrada a partir de junho deste ano.

O prefeito tem buscado adotar um tom moderado ao falar sobre o tema. Em entrevistas, afirmou que a cobrança não será feita “de qualquer jeito” e prometeu que não haverá retroação da dívida. Segundo ele, a implementação depende da finalização de uma integração de dados com a Saneago, responsável por incluir a taxa nas contas de água dos goianienses.

Em fevereiro, o vereador Fabrício Rosa (PT) entregou pessoalmente a Mabel um abaixo-assinado com cerca de 10 mil assinaturas contra a taxa. A rejeição popular também se refletiu em uma pesquisa do Diário de Goiás, que revelou que 82% da população é contrária à cobrança.

Os valores da TLP variam de R$ 258 a R$ 1.600 por ano, dependendo do tipo e tamanho do imóvel. A oposição acusa o prefeito de impor um “estelionato eleitoral” e critica a falta de transparência e diálogo. Já o Paço Municipal defende a taxa como uma exigência do novo Marco Legal do Saneamento, que obriga os municípios a instituírem uma fonte de custeio específica para a gestão de resíduos sólidos.

Mutirões

Uma das iniciativas de destaque foi o lançamento de mutirões de serviços urbanos, com o objetivo de revitalizar a cidade. A primeira ação ocorreu no Setor Finsocial, abrangendo limpeza urbana, manutenção de infraestrutura e combate ao mosquito da dengue. Essas ações foram planejadas para se estender por 100 dias, com um investimento estimado em R$ 300 milhões. ​

Educação

Mabel prometeu eliminar o déficit de vagas em creches nos primeiros 100 dias de gestão. Para isso, anunciou a criação de 10 mil novas vagas na educação infantil até junho, por meio de convênios com instituições comunitárias e religiosas. Embora a meta seja ambiciosa, a implementação está em progresso, com esforços concentrados na ampliação do atendimento às crianças. ​

Mobilidade Urbana

Em relação ao trânsito, a gestão implementou medidas como a liberação de faixas exclusivas de ônibus para motociclistas e o programa “Direita Livre” em cruzamentos estratégicos. Além disso, foram anunciadas intervenções para melhorar o fluxo viário, incluindo ajustes em semáforos e reforço na sinalização. Essas ações visam aumentar a eficiência do trânsito na capital. ​ Entretanto, também foi algo que gerou repercussão negativa entre especialistas e a população.

Saúde

No mês de janeiro, a saúde pública na prefeitura de Goiânia foi decretada como calamidade. Foram adotadas algumas medidas para acelerar a aquisição de medicamentos e a contratação de leitos, visando melhorar o atendimento à população. No entanto, desafios como filas para exames e consultas, além da superlotação em unidades de saúde, ainda persistem. A gestão afirma estar trabalhando para solucionar essas questões, mas os resultados concretos ainda são aguardados pela população. ​

Por Ana Júlia Sena, estagiária de jornalismo

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