A Enel, uma das maiores distribuidoras de energia elétrica do Brasil, tem sido alvo de intensas críticas pela má qualidade de seus serviços nos estados de Goiás e São Paulo. Enquanto em Goiás a empresa já perdeu a concessão, em São Paulo a crise se agrava, com o governo estadual pressionando pela exclusão da Enel e o rompimento do contrato, o que pode levar a uma reestatização ou nova licitação.
Goiás: Fim da concessão da Enel
Em Goiás, a Enel assumiu a distribuição de energia ao adquirir a antiga Celg em 2017, com a promessa de melhorar a infraestrutura e oferecer um serviço de qualidade. No entanto, a realidade foi marcada por um histórico de apagões, reclamações de falta de manutenção, e a incapacidade da empresa de atender às áreas rurais e urbanas com eficiência. A situação chegou ao ponto de o governador Ronaldo Caiado iniciar uma forte campanha pela retirada da empresa do estado, citando o sofrimento da população e os prejuízos econômicos gerados pelas falhas no fornecimento.
Após diversas tentativas de diálogo e intervenções por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2022, o contrato da Enel foi encerrado, e a Equatorial Energia assumiu a distribuição de energia no estado. Essa mudança foi vista como uma vitória do governo estadual e uma resposta às demandas da sociedade goiana, que durante anos enfrentou dificuldades com a antiga concessionária.
São Paulo: Nova crise, novas pressões
Se em Goiás a Enel já saiu de cena, em São Paulo a situação está em ebulição. Desde que a empresa assumiu a antiga Eletropaulo em 2018, a qualidade dos serviços prestados tem sido alvo de críticas contínuas. Em 2023 e 2024, uma sequência de apagões de grandes proporções deixou milhões de paulistas sem energia por longos períodos, gerando revolta tanto da população quanto do setor empresarial. Cidades inteiras, incluindo áreas urbanas e periféricas, relataram dificuldades em manter atividades econômicas, enquanto hospitais e escolas sofreram interrupções severas no fornecimento de luz .
O governador Tarcísio de Freitas tem agido, embora com certa demora, para pressionar pela exclusão da Enel do estado. Em articulação com o Ministério de Minas e Energia, liderado por Alexandre Silveira, o governo estadual busca a caducidade do contrato da empresa, que atualmente está previsto para durar até 2028. Silveira afirmou que o processo de rompimento pode ocorrer nos próximos meses, citando que a Enel já foi multada em mais de R$ 300 milhões, sem que essas sanções tenham sido pagas até o momento .
Prejuízos aos cidadãos e economia
Os apagões frequentes têm causado transtornos diários à população. Moradores enfrentam interrupções no fornecimento, enquanto pequenos e grandes empresários relatam prejuízos acumulados devido à falta de energia em momentos cruciais. Em São Paulo, a Enel é acusada de não cumprir prazos de instalação de infraestrutura, atrasando a entrega de obras como hospitais e escolas. As tarifas altas também são outro ponto de insatisfação, com os consumidores pagando valores considerados abusivos por um serviço que falha em oferecer qualidade .
O rompimento do contrato em São Paulo ainda está em avaliação, mas o movimento político e social em torno do caso demonstra que o desfecho pode ser similar ao de Goiás. A população espera que uma nova distribuidora, ou até mesmo a reestatização do serviço, possa oferecer soluções mais rápidas e eficazes para as falhas no fornecimento de energia que têm impactado milhões de vidas.
Próximos passos
Agora, resta à ANEEL decidir sobre o futuro da concessão da Enel em São Paulo. O processo de caducidade deve ser discutido com a empresa, que terá a oportunidade de se defender. Enquanto isso, as pressões aumentam, e a paciência dos cidadãos e das autoridades diminui, com a expectativa de que uma solução definitiva seja tomada em breve.
Os casos de Goiás e São Paulo colocam em debate o futuro das concessões de energia no Brasil, levantando questões sobre a privatização e a capacidade de empresas internacionais de atender adequadamente as demandas de uma população cada vez mais dependente de serviços estáveis e confiáveis.