A direita em Goiás enfrenta um clima de divisão interna após as eleições municipais de 2024, em um cenário de embates entre aliados do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e do senador Wilder Morais, presidente estadual do PL. A situação se agravou na última semana, com a exoneração de 22 servidores ligados a Morais, incluindo assessores, superintendentes e diretores, conforme noticiou a jornalista Fabiana Pulcineli do jornal O Popular. A medida foi determinada por Caiado um dia após o resultado eleitoral, que viu o candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Fred Rodrigues (PL), derrotado por Sandro Mabel (UB) em Goiânia.
A relação entre Caiado e o PL, partido de Bolsonaro e de Wilder Morais, se deteriorou durante as eleições municipais, com o ex-presidente visitando a capital goiana em três ocasiões para apoiar Rodrigues. Em seus discursos, Bolsonaro fez ataques diretos ao governador, intensificando a rivalidade entre os grupos de direita no estado. Essa tensão foi reforçada pela pré-candidatura declarada de Morais ao governo estadual em 2026, que compete com os planos de Caiado de apoiar o vice-governador Daniel Vilela (MDB) para sucedê-lo.
Além das movimentações políticas, houve ainda a recente declaração do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que criticou membros da direita por, em suas palavras, praticarem “canalhice” ao promoverem uma campanha de ataques e fake news contra o PSD durante as eleições. Para Vanderlan, que também preside o partido no estado, esse tipo de boicote prejudica o fortalecimento de uma oposição consistente contra a esquerda, impactando diretamente a capacidade da direita em apresentar uma frente unida.
Essa divergência entre os principais líderes e partidos da direita em Goiás tem gerado confusão entre os eleitores, que observam com receio a fragmentação de um campo político que historicamente se posicionava como uma alternativa conservadora unificada. A exoneração de servidores do PL, somada às acusações de traição e boicote entre os partidos aliados, levanta questões sobre o impacto desse racha na coesão da base conservadora e em sua capacidade de mobilização futura.
Cabe agora aguardar os reflexos desses conflitos na dinâmica eleitoral de 2026.