Argentina se isola no G20 ao não aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
A postura do governo argentino, liderado por Javier Milei, chamou a atenção ao ser o único país do G20 a não aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa brasileira que busca financiar políticas de transferência de renda em países de baixa ou média-baixa renda.
Lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula do G20, no Rio de Janeiro, a Aliança já reúne 147 membros, incluindo 81 países, a União Africana, a União Europeia, instituições financeiras e organizações filantrópicas. Entre os objetivos do programa estão beneficiar 500 milhões de pessoas com transferência de renda e ampliar o acesso a refeições escolares para mais 150 milhões de crianças até 2030.
A ausência da Argentina é particularmente significativa em um momento em que a pobreza no país supera 50% da população, reflexo da crise econômica agravada nos primeiros meses da gestão Milei. Além disso, cortes orçamentários têm fechado os comedores populares, essenciais para a distribuição de alimentos à população vulnerável.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes do G20 que superem divisões para enfrentar desigualdades globais:
“Se o G20 se divide, perde importância no cenário global. Precisamos de consensos para decisões relevantes que combatam a fome e a desigualdade.”
Com a adesão ainda aberta, resta saber se a Argentina reavaliará sua posição em relação à Aliança e a outras propostas do Brasil no G20, como a taxação de super-ricos e ações climáticas. A recusa inicial, no entanto, destaca a tensão entre prioridades domésticas e compromissos internacionais de solidariedade.