Em uma votação relâmpago e unânime, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou uma gratificação natalina de R$ 11,5 mil para deputados estaduais. A medida, oficializada como “auxílio-representação”, foi incluída como uma emenda-jabuti em um projeto de resolução que tratava do funcionamento das Comissões Permanentes.
O adicional será destinado a parlamentares que ocupam cargos de liderança e direção, como membros da Mesa Diretora, líderes de bancada e coordenadores de frentes parlamentares, totalizando 74 postos — número superior ao de deputados na Casa.
Impacto financeiro e controvérsias
A nova gratificação, que se soma ao salário bruto de R$ 34,7 mil dos deputados, gerará um impacto anual estimado em R$ 6,3 milhões para os cofres do Legislativo. O presidente da Alego, Bruno Peixoto (União Brasil), afirmou que o pagamento está condicionado à disponibilidade financeira e ao limite do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas destacou que a Casa possui um saldo de R$ 79 milhões no orçamento previsto para 2025.
Peixoto justificou a medida como fruto de um consenso entre os parlamentares e mencionou que exigirá relatórios de produtividade para a liberação dos valores adicionais.
Aprovação acelerada
A emenda que introduziu o auxílio foi proposta pelo relator do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Coronel Adailton (Solidariedade), e aprovada em menos de duas horas em todas as etapas de tramitação, incluindo sessões extraordinárias. Questionado pela imprensa, o parlamentar não respondeu às solicitações de entrevista.
Além disso, os deputados aprovaram outro projeto de resolução que flexibiliza a ocupação dos cargos de coordenação nas frentes parlamentares, assegurando que todos os 41 parlamentares da Alego possam ser contemplados com o benefício.
Críticas e apelo à transparência
A decisão foi alvo de críticas pela falta de debate público e pela forma como a gratificação foi articulada. O impacto financeiro e a rapidez com que a medida foi aprovada levantam questionamentos sobre prioridades e transparência na gestão dos recursos públicos.
A gratificação chega em um momento de discussão sobre o uso do orçamento da Assembleia e seu alinhamento com as demandas sociais, especialmente em um período de festividades em que questões como desigualdade e responsabilidade fiscal ganham destaque no debate público.