Ex-presidente mobiliza apoiadores em Copacabana enquanto aguarda decisão do Supremo que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado
Em um esforço para manter sua relevância política, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou uma manifestação neste domingo (16) na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O ato, que reuniu milhares de apoiadores, teve como principal bandeira a defesa da anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
O evento ocorre às vésperas de um julgamento crucial no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para o dia 25 de março, que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma do STF analisará a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e aliados, acusados de articulação dos ataques antidemocráticos.
Pressão política e judicial
A manifestação em Copacabana foi encarada como uma tentativa de Bolsonaro de se manter politicamente ativo, mesmo diante de sua inelegibilidade e da possibilidade de uma condenação no STF. O ex-presidente, que ainda exerce forte influência sobre a base de apoio da direita brasileira, buscou reforçar sua imagem de líder incontestável do movimento.
“Meu ciclo vai se esgotar um dia. Nós vamos deixar muitas pessoas capazes para me substituir”, declarou Bolsonaro durante o evento, evitando falar diretamente sobre sua sucessão na corrida presidencial de 2026. Apesar disso, a presença de nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado um potencial candidato à Presidência, indicou que a discussão sobre o futuro da direita já está em curso.
Além de Tarcísio, estiveram presentes os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC) e Mauro Mendes (União Brasil-MT), além de senadores e deputados aliados. A reunião de figuras importantes do cenário político reforçou a ideia de união em torno da pauta da anistia, mas também evidenciou a busca por alternativas à liderança de Bolsonaro.
A pauta da anistia
Durante o ato, cartazes com frases como “Anistia já” e “Liberdade para os patriotas” dominaram a paisagem. A defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro tem sido uma das principais bandeiras de Bolsonaro e seus aliados, que argumentam que os réus são vítimas de perseguição política.
No entanto, a proposta é alvo de críticas de juristas e setores da sociedade, que veem na anistia um risco à democracia e um precedente perigoso para crimes contra o Estado Democrático de Direito.
O julgamento no STF
O julgamento no STF, previsto para a próxima semana, é visto como um momento decisivo para o futuro político de Bolsonaro. A denúncia da PGR o acusa de ter articulado os ataques de 8 de janeiro, incluindo a deslegitimação das urnas eletrônicas, a mobilização de acampamentos em frente a quartéis e até planos para assassinar autoridades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Se a denúncia for aceita, Bolsonaro se tornará réu e poderá enfrentar um processo que pode resultar em sua condenação. A decisão do STF também terá impacto direto no cenário político, influenciando as estratégias da direita para as eleições de 2026.
O futuro da direita
Enquanto Bolsonaro tenta se manter no centro das atenções, partidos de direita já discutem possíveis nomes para a sucessão presidencial. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, é um dos cotados para assumir a liderança do movimento, ao lado de outras figuras como os governadores presentes no ato deste domingo.
A manifestação em Copacabana mostrou que, apesar das incertezas jurídicas e políticas, Bolsonaro ainda mobiliza uma base fiel. No entanto, o futuro da direita brasileira parece cada vez mais ligado à capacidade de renovação e à busca por alternativas que possam unir o eleitorado em torno de um projeto político viável para 2026.
Com informações de Ana Flor, da Reuters e colaboradores