*Destaque, Brasil, Política Confira as acusações que levaram o Supremo a tornar Bolsonaro réu

Em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro réu em processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A corte entendeu que há indícios suficientes de que Bolsonaro e sete aliados teriam agido para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e desestabilizar a democracia.

O que diz a acusação?

A PGR apresenta um conjunto de ações supostamente coordenadas por Bolsonaro e seu círculo próximo entre 2021 e 2023, classificadas como crimes contra o Estado Democrático de Direito. As principais alegações são:

  1. Organização criminosa
  • A denúncia afirma que Bolsonaro liderou um grupo com o objetivo de manter-se no poder ilegitimamente, usando estruturas do Estado e apoio de setores militares.
  1. Plano “Punhal Verde-Amarelo”
  • Investigação aponta que, após perder a eleição, Bolsonaro teria conhecimento de um plano extremo que incluía até mesmo a possibilidade de assassinato de autoridades como Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
  1. A minuta do golpe
  • Documento apreendido com o ex-ministro Anderson Torres e no celular do tenente-coronel Mauro Cid sugeria medidas como:
    • Fechamento do STF e do TSE;
    • Prisão de ministros e parlamentares;
    • Decretação de estado de sítio.
  • Moraes afirmou que Bolsonaro “manuseou e discutiu” o texto, mesmo que não tenha colocado o plano em prática.
  1. Ataques ao sistema eleitoral
  • Bolsonaro é acusado de disseminar desinformação sobre urnas eletrônicas em lives e redes sociais, mesmo após auditorias confirmarem a segurança do sistema.
  • Ordenou ao Ministério da Defesa que enviasse um relatório ao TSE sugerindo falhas inexistentes, segundo a PGR.
  1. Pressão sobre as Forças Armadas
  • Haveria tentativas de convencer militares a apoiarem uma intervenção, incluindo uma carta de oficiais para pressionar o então comandante do Exército.

Quem mais foi denunciado?

Além de Bolsonaro, responderão pelo mesmo processo:

  • Walter Braga Netto (ex-vice na chapa de 2022);
  • Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
  • Mauro Cid (ex-assessor e delator).

O que diz a defesa?

Bolsonaro nega todas as acusações. Em entrevista após a decisão, afirmou:

  • Nunca planejou um golpe;
  • A minuta era apenas “um entre muitos documentos” que recebia;
  • Suas críticas ao sistema eleitoral são legítimas;
  • O processo seria uma “perseguição política”.

Próximos passos

O caso agora segue para a fase de instrução, onde serão ouvidas testemunhas e analisadas provas. Se condenado, Bolsonaro pode enfrentar pena de prisão, mas o processo ainda deve demorar anos para ter um veredito final.

Contexto: A decisão ocorre dois anos após os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram sedes dos Três Poderes em protesto contra a vitória de Lula. O STF já condenou diversos envolvidos nos atos, mas esta é a primeira vez que o ex-presidente é formalmente incluído como réu em um processo por tentativa de golpe.

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