A saúde pública em Goiânia enfrenta um momento crítico. A partir de segunda-feira, 11 de novembro, os médicos das unidades de saúde municipais iniciarão uma paralisação por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia geral extraordinária pelo Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (SIMEGO), em protesto contra o atraso recorrente no pagamento de salários. Segundo o sindicato, a situação dos médicos municipais é insustentável, o que motivou a suspensão dos atendimentos. Durante a greve, apenas os casos de urgência e emergência seguirão sendo atendidos, conforme determina a legislação, para evitar riscos à saúde dos pacientes em estado grave.
A Prefeitura de Goiânia ainda não se pronunciou oficialmente sobre a paralisação, mas o impacto da suspensão dos serviços médicos deverá afetar significativamente o atendimento diário. Além dos atrasos salariais, outros problemas já vinham pressionando o sistema de saúde municipal, como dívidas com maternidades, dificuldades na realização de exames e uma infraestrutura defasada em diversas unidades.
Wilson Pollara, atual secretário de Saúde, assumiu a pasta em outubro de 2023 com o objetivo de reestruturar o sistema municipal. Uma das medidas adotadas por ele foi o “Corujão da Saúde”, inspirado em uma ação similar que implementou em São Paulo, para reduzir a fila de exames. No entanto, até agora, apenas uma edição da ação foi realizada. A contratação de novas ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi um ponto de crise, sendo realizada somente após intervenção do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO). Em junho, Pollara chegou a ser afastado do cargo devido a problemas no processo de contratação emergencial de ambulâncias, mas voltou à função após decisão judicial.
A falta de insumos básicos, superlotação e o fechamento de salas de vacinação também aumentaram a pressão sobre o sistema. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) expressou preocupação com o aumento da demanda nas unidades estaduais, consequência direta dos problemas no atendimento municipal. Dados mostram que, até o quarto bimestre de 2024, a Prefeitura de Goiânia aumentou os gastos com saúde, chegando a R$ 896,3 milhões, o que representa 24,26% da receita própria – uma alta em relação ao ano anterior.
Esses problemas complexos e persistentes representam um grande desafio para o prefeito eleito Sandro Mabel, que enfrentará o desgaste e a urgência da situação ao assumir o cargo.