Nove parlamentares assinaram a representação após senador fazer referência a “enforcar” a ministra do Meio Ambiente
Nesta quinta-feira (20), deputadas federais protocolaram uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM) por declarações consideradas ofensivas e inapropriadas em relação à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A ação foi motivada por uma fala do parlamentar durante um evento no Amazonas na última sexta-feira (14), em que ele fez referência a “enforcar” a ministra.
A representação foi encaminhada pelo partido Rede Sustentabilidade e conta com a assinatura de nove deputadas de diferentes partidos. Entre as signatárias estão nomes como Benedita da Silva (PT-RJ), Duda Salabert (PDT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Tabata Amaral (PSB-SP) e Talíria Petrone (Psol-RJ). Adriana Acoorsi (PT-GO) publicou em suas redes um vídeo e nota de repúdio, o que indica que também deverá apoiar a representação.
A declaração polêmica
Durante o evento, Plínio Valério fez referência a uma sessão da CPI das ONGs, na qual Marina Silva depôs por cerca de seis horas. O senador afirmou: “Imagina vocês o que é ficar com a Marina 6 horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?”. A fala foi amplamente criticada por parlamentares e pela sociedade civil, que a consideraram violenta e desrespeitosa.
Reação das deputadas
As deputadas que assinaram a representação destacaram que a declaração do senador configura uma grave violação dos princípios éticos e democráticos. Em nota, o partido Rede Sustentabilidade afirmou que “a fala de Plínio Valério não apenas desrespeita a ministra Marina Silva, mas também reforça um discurso de violência contra mulheres na política, algo inaceitável em um ambiente que deveria primar pelo diálogo e pelo respeito”.
Benedita da Silva (PT-RJ), uma das signatárias, ressaltou que “não podemos naturalizar esse tipo de linguagem violenta, especialmente contra uma mulher que é referência na luta pela sustentabilidade e pelos direitos humanos”. Já Duda Salabert (PDT-MG) afirmou que “a política não pode ser um espaço para incitação à violência, seja de forma explícita ou velada”.
Próximos passos
A representação será analisada pelo Conselho de Ética do Senado, que decidirá se abre ou não um processo para apurar a conduta de Plínio Valério. Caso o processo seja instaurado, o senador poderá ser penalizado com advertência, censura ou até mesmo a perda do mandato, dependendo da gravidade das conclusões do conselho.
Até o momento, Plínio Valério não se pronunciou publicamente sobre a representação. A ministra Marina Silva também não comentou o caso.
Contexto político
A CPI das ONGs, que motivou a declaração do senador, tem sido palco de debates acalorados no Congresso. Marina Silva, que é uma das principais vozes em defesa do meio ambiente no país, tem sido alvo frequente de críticas de setores contrários às suas políticas. No entanto, a fala de Plínio Valério foi considerada um excesso, mesmo em um ambiente político polarizado.
A representação das deputadas reforça a importância de combater a violência política de gênero e garantir que o debate público ocorra de forma respeitosa e democrática.