*Destaque, Brasil, Política Ex-comandante da FAB afirma que Bolsonaro foi alertado sobre prisão

Carlos Baptista Júnior confirma que general Freire Gomes advertiu ex-presidente durante reunião pós-eleição

O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, declarou na quarta-feira (21), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-chefe do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, chegou a alertar o ex-presidente Jair Bolsonaro de que ele poderia ser preso caso insistisse em seguir no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

A fala de Baptista Júnior aconteceu no âmbito da Ação Penal 2.668, que apura uma possível tentativa de golpe de Estado por membros do governo Bolsonaro. A denúncia, feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foca no núcleo central do plano, que teria como principal beneficiado o ex-presidente.

Durante o depoimento, o ex-comandante da FAB relatou à PGR que ouviu pessoalmente o alerta de Freire Gomes à Bolsonaro. “Se fizer isso, vou ter que te prender”, relembra. De acordo com Baptista Júnior, a fala foi feita com calma e respeito, condizente com o jeito de Freire Gomes, mas sem deixar dúvidas sobre a gravidade do aviso.

Em depoimento dado na segunda-feira (19), o ex-comandante do Exército negou ter usado a palavra “prisão” e disse apenas ter alertado o então presidente sobre possíveis consequências legais.

Minuta golpista e prisão de moraes

O ex-chefe da Aeronáutica também reiterou informações prestadas à Polícia Federal sobre uma reunião ocorrida em 14 de novembro de 2022 no Ministério da Defesa, da qual participaram, além dele, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o general Freire Gomes e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.

Na ocasião, foi apresentada uma minuta de decreto que previa a não posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Baptista Júnior afirmou ter rejeitado de imediato qualquer associação ao documento. “Falei ‘não admito sequer receber este documento nem ficarei aqui’”, relatou.

Ele acrescentou que Freire Gomes também rechaçou o texto, enquanto Garnier, em outro momento, teria colocado as forças da Marinha à disposição de Bolsonaro. O almirante, segundo o ex-comandante, não se manifestou durante a reunião, mas teria demonstrado apoio em outras circunstâncias.

Ainda segundo Baptista Júnior, em reuniões com o então presidente e comandantes militares, chegou-se a cogitar a prisão de autoridades, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes. “Isso aconteceu, sim. Era parte das discussões, um brainstorm das reuniões”, disse, ao ser questionado por Gonet.

Ao final do depoimento, pediu para retificar uma informação anteriormente fornecida à PF. Ele disse que, embora tenha mencionado a presença do ex-ministro da Justiça Anderson Torres em uma das reuniões, agora não tem mais certeza de que ele esteve presente.

Próximos depoimentos

Baptista Júnior foi a única testemunha ouvida nesta quarta-feira. Oitiva de outras testemunhas, incluindo o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, está marcada para sexta-feira (23). No total, 82 testemunhas devem prestar depoimento na ação penal, por videoconferência.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, proibiu a gravação das audiências, mas permitiu a presença de jornalistas na sala da Primeira Turma do STF para acompanhar os depoimentos.

Com informações da Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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