Mais de R$ 14,5 milhões foram antecipados pelo Governo de Goiás para a execução de 26 obras públicas, mas nenhuma delas foi finalizada, gerando um prejuízo de mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos. O caso foi revelado após uma investigação que levou à prisão do ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Lucas Visotto, e à deflagração da operação “Obra Simulada”, que apura fraudes no contrato firmado com a empresa Prime Construções, de Brasília.
De acordo com a Polícia Civil, a empresa recebeu pagamentos adiantados que somam R$ 14.537.464,27, mas executou apenas R$ 4.068.992,40 em serviços, ou seja, 27% do total pago. Entre as obras não concluídas estão reformas em aeródromos, postos da Polícia Militar Rodoviária e em prédios governamentais, como o Palácio das Esmeraldas e a sede da Goinfra.
A investigação revelou que algumas obras nem sequer foram iniciadas, mas já apresentaram notas fiscais para justificar pagamentos. Em alguns casos, serviços foram simulados, como a demolição de postos da PM para justificar os pagamentos, sem que as obras fossem realmente executadas.
Além disso, a Polícia Civil identificou uma série de movimentações financeiras irregulares, como saques e transferências de valores para empresas menores ligadas a parentes e amigos do sócio oculto da empresa contratada. O esquema envolvia, ainda, fiscais de contrato e gestores públicos que tinham pleno conhecimento das fraudes.
Em uma audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (29), a prisão de Lucas Visotto foi mantida. A defesa do ex-presidente da Goinfra afirmou que pedirá habeas corpus, alegando que a prisão foi desproporcional.
O Governo de Goiás, por meio de nota, reforçou que as irregularidades foram detectadas pelos próprios sistemas de controle do estado e que a gestão atual colaborou integralmente com as investigações. A nota destaca que o governo tem “tolerância zero” com fraudes e irá seguir com os devidos processos legais para responsabilizar os envolvidos.
A Polícia Civil continua investigando o caso, com a participação da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), e já cumpriu diversos mandados de prisão e busca e apreensão, além de bloqueios de bens e valores relacionados às empresas e pessoas investigadas.
O desfecho das investigações promete trazer mais esclarecimentos sobre a profundidade das irregularidades e a responsabilidade dos envolvidos em um dos maiores esquemas de fraude em obras públicas no estado.