Por Marcos Marinho, Especial para o site Política e Cotidiano.
Goiânia, uma das capitais mais importantes do Centro-Oeste, tem enfrentado uma série de desafios urbanos que se mantêm há anos. Problemas como transporte público ineficiente, saúde pública precária e a falta de infraestrutura básica em algumas áreas colocam à prova a capacidade administrativa da prefeitura. Com o fim da gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) se aproximando, a população se questiona sobre quais serão as prioridades para o próximo chefe do Executivo municipal, e se desta vez, mudanças estruturais serão colocadas em prática.
Problemas recorrentes: o desafio da continuidade
Ao longo dos últimos 12 anos, Goiânia teve à frente três prefeitos que lidaram com desafios similares. De Paulo Garcia (PT), passando por Iris Rezende (MDB) até Rogério Cruz, alguns problemas parecem persistir, independentemente da sigla partidária que ocupa o Paço Municipal.
Mobilidade Urbana é um dos principais gargalos. O aumento da frota de veículos, a falta de um sistema de transporte público eficiente e a superlotação de ônibus impactam diretamente a qualidade de vida do goianiense. Paulo Garcia tentou enfrentar o problema com a criação de corredores exclusivos de ônibus, mas o projeto não atingiu o sucesso esperado. Já Iris Rezende priorizou obras de pavimentação e melhorias viárias, mas a questão do transporte coletivo permaneceu sem solução. Na atual gestão de Rogério Cruz, poucos avanços significativos foram vistos no sistema de transporte, que segue sendo um ponto central de reclamações.
Outro tema sensível é a saúde pública. A escassez de leitos, a superlotação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a falta de insumos nas unidades hospitalares são reclamações recorrentes. Durante a pandemia de COVID-19, a sobrecarga do sistema de saúde tornou a fragilidade ainda mais evidente. Embora os últimos prefeitos tenham feito esforços para melhorar a rede de atendimento, a insuficiência de investimentos e a má gestão dos recursos continuam a dificultar o acesso da população a serviços de qualidade.
Educação, por sua vez, sofre com a falta de vagas em creches e a precariedade na infraestrutura das escolas municipais. Reformas foram feitas ao longo das gestões, mas sem um impacto que solucione a demanda crescente. A população ainda enfrenta a carência de vagas na educação infantil, um problema que agrava as desigualdades sociais e coloca em xeque a universalização do acesso à educação básica.
Comparativo das gestões: o que foi feito e o que falta?
Paulo Garcia (2010-2016): Durante seu mandato, Paulo Garcia focou em expandir o atendimento em saúde e tentou melhorar o transporte público com os corredores de ônibus. No entanto, sua gestão foi marcada por dificuldades em executar projetos estruturantes. A insatisfação com o transporte e a falta de continuidade nas obras urbanas enfraqueceram sua administração, além do desequilíbrio nas contas públicas.
Iris Rezende (2017-2020): Conhecido por seu perfil tradicional e experiência política, Iris focou na reestruturação fiscal do município e na retomada de obras de pavimentação. Apesar de ter conseguido colocar em ordem as finanças públicas, faltou inovação em projetos essenciais, como a modernização do sistema de transporte público. A gestão também foi criticada pela pouca atenção aos problemas nas áreas de saúde e educação.
Rogério Cruz (2021-presente): O atual prefeito teve de lidar com a crise sanitária provocada pela COVID-19, o que tornou seu mandato especialmente difícil. Embora tenha avançado em algumas áreas, como a urbanização de regiões periféricas, o transporte público e a saúde continuam como os principais pontos de insatisfação popular.
Prioridades para o próximo prefeito
Diante desse cenário, o próximo prefeito de Goiânia terá pela frente uma série de problemas estruturais que exigem uma gestão técnica, sem o desvio para pautas identitárias ou meramente morais. A população precisa de soluções práticas e imediatas para questões que impactam diretamente seu dia a dia.
1. Mobilidade Urbana e Transporte Público: A reforma do transporte coletivo precisa ser uma prioridade. O novo prefeito deverá buscar alternativas que integrem modais e incentivem o uso do transporte público, reduzindo a dependência dos veículos particulares e melhorando a fluidez do trânsito.
2 . Saneamento Básico: Ampliar o acesso a serviços de saneamento é essencial, especialmente nas áreas mais periféricas, onde a falta de coleta de esgoto e o abastecimento de água intermitente ainda são problemas graves. Investimentos em infraestrutura básica são urgentes.
3. Habitação e Regularização Fundiária: O déficit habitacional e a falta de regularização fundiária precisam de uma abordagem mais eficiente. Goiânia sofre com ocupações irregulares, o que acarreta dificuldades no acesso a serviços públicos básicos.
4. Saúde Pública: Melhorar o sistema de saúde, ampliando o número de leitos e descentralizando o atendimento, será um dos maiores desafios. A contratação de profissionais e o fortalecimento das UPAs são passos fundamentais para diminuir as filas de espera e garantir atendimento de qualidade.
5. Educação: A oferta de vagas em creches e a melhoria da infraestrutura escolar devem estar no centro das políticas públicas, garantindo que crianças de todas as regiões da cidade tenham acesso à educação de qualidade desde cedo.
Desafios à frente: soluções estruturais e não ideológicas
A resolução desses problemas exigirá planejamento, gestão eficiente e investimento contínuo. Goiânia precisa de um líder que saiba lidar com os desafios práticos de uma grande cidade em crescimento, sem se deixar influenciar por pautas que não resolvem problemas estruturais.
A população anseia por soluções reais, e o próximo prefeito terá a responsabilidade de colocar em prática políticas que atendam às demandas concretas da cidade, priorizando o bem-estar coletivo acima de questões partidárias ou identitárias.
Com eleições municipais à vista, o futuro de Goiânia depende de escolhas que vão além de discursos, focando em ações concretas que promovam mudanças significativas e duradouras. Resta saber se o próximo gestor estará à altura desse desafio.