Por: Jéssica Neves
Neste domingo, mais de 33 milhões de eleitores foram às urnas para decidir o futuro de 51 municípios brasileiros em segundo turno, incluindo 15 capitais. O pleito, que abrangeu cidades com mais de 200 mil eleitores, trouxe à tona um cenário de alta abstenção e reconfiguração das lideranças municipais no país.
Entre os 102 candidatos disputando prefeituras, predominam os homens (87), enquanto as mulheres representam apenas 15 nomes na disputa, um dado que reflete a desigualdade ainda presente na política nacional. Os partidos com mais candidaturas foram o PL, com 22 candidatos, seguido pelo PT (13) e o União Brasil (11). No entanto, os resultados mostram um contraste significativo na eficiência das campanhas dos diferentes partidos:
- O PL, com o maior número de candidatos, conseguiu eleger apenas 6 de seus 22 nomes, um desempenho de 27,27%, inferior a siglas como o Podemos (83,33%), PP (66,66%) e PSD (90%).
- O PSD, sob liderança de Gilberto Kassab, destacou-se com um índice impressionante de 90% de sucesso, elegendo 9 de seus 10 candidatos.
- O MDB manteve sua força histórica, com um índice de sucesso de 70% dos candidatos eleitos.
- O PT conseguiu eleger apenas 4 prefeitos entre os 13 candidatos que lançou. Embora a taxa de sucesso do PT seja de 30,7%, ela reflete um contexto de dificuldade em que a representatividade e a capacidade de mobilização estão em cheque.
As estatísticas revelam um movimento claro no comando das 103 maiores cidades do Brasil, que representam 40% do eleitorado. O PL, embora tenha enfrentado um segundo turno desfavorável, termina o ciclo eleitoral com um saldo positivo, conquistando 16 prefeituras ao longo dos dois turnos, superando o PSD por uma cidade.
Balanço final
Partido | Prefeitos Eleitos em 2020 | Prefeitos em 2024 |
PL | 2 | 16 |
PSD | 11 | 15 |
União Brasil | 12 | 14 |
MDB | 17 | 12 |
PP | 8 | 11 |
Republicanos | 4 | 8 |
Podemos | 8 | 8 |
PT | 4 | 6 |
PSDB | 17 | 5 |
PSB | 4 | 2 |
As eleições de 2024 marcam uma mudança significativa no mapa de liderança municipal. O PL, que em 2020 havia conquistado apenas 2 prefeituras nessas grandes cidades, agora assume 16 cadeiras, tornando-se a sigla com maior expansão de influência. Em contraste, o PSDB, que já foi uma das forças dominantes, viu seu número de prefeituras cair drasticamente de 17 para 5.
A redução na participação levanta questões importantes sobre a representatividade e a legitimidade dos governantes eleitos. Por exemplo, em relação ao preocupante retrocesso na representatividade feminina nas prefeituras das capitais brasileiras.
Sub-representação feminina
Apenas duas mulheres — Adriane Lopes, do PP (Progressistas), eleita em Campo Grande-MS, e Emília Corrêa, do PL (Partido Liberal), que venceu em Aracaju-SE — estarão à frente das administrações municipais a partir de 2025. Esse número representa uma queda significativa em relação a 2020, quando 20 candidatas chegaram ao segundo turno.
Além dessas duas prefeitas eleitas, outras seis mulheres competiram no segundo turno em diferentes capitais: Rose Modesto (União Brasil) em Campo Grande, Natália Bonavides (PT) em Natal, Janad Valcari (PL) em Palmas, Maria do Rosário (PT) em Porto Alegre, Cristina Graeml (PMB) em Curitiba, e Mariana Carvalho (União Brasil) em Porto Velho. O fato de apenas duas terem sido eleitas evidencia um desafio persistente para a inclusão das mulheres em posições de liderança política. Cabe ressaltar que as mulheres conservadoras foram as que obtiveram maior êxito.