Na cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, realizada nesta segunda-feira (10), Nísia Trindade fez um discurso marcante ao deixar o cargo, denunciando o que classificou como uma “campanha sistemática e misógina” contra sua gestão.
Campanha de desvalorização
Durante a solenidade, Nísia afirmou que enfrentou ataques contínuos enquanto esteve à frente do Ministério da Saúde.
“Não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade”, declarou.
A ex-ministra reforçou que esse tipo de comportamento político não deve ser aceito como algo natural. “Não é possível e não aceito e acho que não devemos aceitar como natural um comportamento político dessa natureza”, acrescentou.
Legado e transição
Ao se despedir do cargo, Nísia ressaltou que seu maior legado foi a reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Creio que seja esse o legado que deixo, reconstruir o SUS e a capacidade de gestão do Ministério da Saúde. Tenho orgulho de afirmar que fui ministra do SUS”, enfatizou.
A demissão de Nísia foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de fevereiro. Segundo o chefe do Executivo, a mudança ocorreu porque ele precisava de “mais agressividade política” na pasta. Com isso, Alexandre Padilha, que estava na Secretaria de Relações Institucionais, assumiu o Ministério da Saúde.
A posse de Padilha marca o início de um novo ciclo na gestão da saúde pública no Brasil. Lula já indicou que mais mudanças na Esplanada dos Ministérios devem ocorrer em breve.