Uma pesquisa realizada pela Quaest entre os dias 4 e 9 de dezembro revelou que 86% dos brasileiros desaprovam os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, enquanto 7% os aprovam. Outros 7% não souberam ou não responderam. A pesquisa entrevistou 8.598 eleitores de todo o país, com margem de erro de 1 ponto percentual para mais ou para menos.
Oscilação ao longo do tempo
Em comparação à pesquisa anterior, divulgada em dezembro de 2023, a reprovação caiu de 89% para 86%. Já a aprovação oscilou de 6% para 7%.
Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, os resultados mostram a força da democracia brasileira e a rejeição da sociedade à politização da violência institucional:
“Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional.”
Diferenças entre eleitores
Entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, 85% desaprovam os atos golpistas, o mesmo percentual da pesquisa anterior. Já entre eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a desaprovação caiu de 94% para 88%.
Nunes destaca o movimento entre eleitores moderados de ambos os lados, que parecem reavaliar suas posições:
“Eleitores moderados de Lula tendem a relativizar suas posições, enquanto moderados de Bolsonaro tornam-se mais críticos para não se sentirem cúmplices de algo que acreditam ser errado.”
Percepção sobre Bolsonaro
Quando questionados sobre a influência de Bolsonaro na organização dos atos de 8 de janeiro, 50% dos entrevistados acreditam que ele teve influência (eram 47% na pesquisa anterior). Já 39% acreditam que ele não teve participação (eram 43%), enquanto 11% não souberam ou não responderam.
Essa mudança indica, segundo Nunes, uma tendência de maior reconhecimento da responsabilidade de Bolsonaro no episódio.
Reprovação por região e idade
A desaprovação é homogênea em todas as regiões do Brasil, variando entre 85% e 87%.
- Nordeste: 87% desaprovam; 8% aprovam.
- Sudeste: 86% desaprovam; 6% aprovam.
- Sul: 85% desaprovam; 8% aprovam.
- Centro-Oeste: 86% desaprovam; 7% aprovam.
A rejeição também se mantém alta em todas as faixas etárias, sempre acima de 84%.
Contexto e próximos passos
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado em novembro de 2024 pela Polícia Federal, juntamente com outras 36 pessoas, por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa. O relatório foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que deve apresentar as denúncias formais a partir de fevereiro de 2025.