*Destaque, Opinião Ronaldo Caiado, Gusttavo Lima e você

Por Vassil Oliveira, especial para o Política e Cotidiano.

O cantor Gusttavo Lima desistiu de ser candidato a presidente das República. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), perdeu o palanque mas tudo indica que não perdeu o cabo eleitoral.

Gusttavo poderia ganhar a eleição. Essa possibilidade, neste momento, está aberta a todos que sonham com a cadeira que hoje é de Lula (PT). Em eleição, há favoritos, mas não há vencedores por antecipação.

Gusttavo sentiu o peso de uma candidatura nacional nas reações que vieram. Como cantor, ele é amado, idolatrado, tem uma grande mídia a seus pés. Como político, isso muda. Ganha outra atenção, pois é outra a dimensão dos fatos.

Pesquisa do instituto Paraná Pesquisas publicada no início de janeiro mostrou isso de saída: 65,7% dos ouvidos posicionaram-se contrários à sua presença na política. Fã é uma coisa, eleitor é outra. E tem mais.

Em poucos dias de exposição, Gusttavo saiu das páginas de entretenimento para as de política, com tudo que isso implica. Sua vida, alvo de colunas de fofoca, passou a ser escrutinada em espaços generosos de veículos diversos.

Em política, nada de novo. Para um cantor, uma exposição no mínimo preocupante. O tiroteio entre adversários e a exposição da vida pessoal, financeira e comportamental é comum nas campanhas. O que Gusttavo viu foi só o começo. A regra é clara, na guerra eleitoral: é vencer ou vencer, custe o que custar.

Apelo familiar conta muito nessas horas. A máquina de calcular prejuízos e ganhos financeiros, também. Ser político não é ser cantor. Ser político é colocar o cantor em segundo plano e, quem sabe, sufocá-lo em nome do novo projeto, a guerra política.

Ronaldo Caiado é um ser político. Ele dorme, acorda, respira política. Candidatíssimo, sempre deixou claro que contava com Gusttavo para uma visibilidade nacional, pois é isto o que mais lhe falta para dar o salto que almeja.

Agora, fica a amizade entre eles e, pelo que se depreende do que o governador disse em vídeo divulgado em suas redes no mesmo dia da decisão anunciada do cantor, fica o respaldo de um ao projeto do outro.

Para Caiado, um ganho menor, mas um ganho, porque a partir de agora Gusttavo será o amado de sempre falando bem de seu nome. Perdeu um palanque expressivo, que seria andarem lado a lado como uma dupla pensando e cantando o Brasil. Não perdeu o apoio – a não ser que Gusttavo se cale de vez sobre ele e política.

O desafio da visibilidade que se apresenta a Caiado sempre foi maior que Gusttavo Lima. Gusttavo era parte da solução. Caiado terá que se virar. Ele sabe disso. Este é o jogo e ele é bom jogador. O que ele vai fazer? Eis a questão.

O lançamento da pré-candidatura com antecedência – dia 4, em Salvador – tem a ver com isso. Ele se apresenta para a disputa, passa a ser notícia, encontra lugar de fala onde pisar, vira foco. Esta a matemática simples. Não é o bastante, mas é uma frente de ação.

Neste momento, Caiado está em campo. A bola rola e ele tenta alcançá-la. O que veremos depois do dia 4 é ele em campo e no ataque pra pegar a bola e fazer o gol decisivo. Sua estratégia já está posta. Ou é isso, ou um milagre.

Nessa busca por visibilidade, Caiado precisa evitar, por exemplo, os dribles das articulações políticas. Não será fácil ele convencer outros partidos a apoiarem seu projeto. Nem o seu partido está unido na sua torcida.

Aliados fundamentais seguem jogando contra, ou parados, como os que ocupam ministérios no governo Lula e com Lula querem continuar em 2026. O noticiário negativo, de revezes nessas conversas, é tudo que ele não precisa.

Quem acompanha o noticiário político certamente percebe como Ronaldo Caiado procura deixar claro que sabe o tamanho da disputa em que se meteu. Não é um inocente em campo florido. Nem cantor de festa de aniversário.

Como Gusttavo Lima, ele sabe que não pode desafinar.

Vassil Oliveira- Jornalista. Escritor. Diretor de Jornalismo da Rádio Sucesso e editor de política da TV Sucesso Band. Foi diretor de Redação da Tribuna do Planalto, editor de Política de O Popular e secretário de Comunicação na última gestão de Iris Rezende em Goiânia. Autor de três livro: ‘Homens e Cavas Abertas de Mulheres Amorosas’, contos; ‘Eleição do Início ao Fim’ (Ensaios sobre política, políticos e Jornalismo no calor da campanha de 2006 para governador de Goiás’), análise política; Nem Sempre Sou Assim, crônicas.

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