Por Marcos Marinho, especial para o Política e Cotidiano.
Desde que assumiu a Prefeitura de Goiânia em 1º de janeiro de 2025, Sandro Mabel (UB) tem implementado uma série de ações com foco em saúde, limpeza urbana e educação. No entanto, seu estilo de gestão tem gerado controvérsias e debates sobre sua abordagem política.
Na saúde, Mabel priorizou a reestruturação financeira, buscando sanar dívidas e melhorar o atendimento nas unidades de saúde. Na limpeza urbana, implementou um “choque de gestão” na COMURG (Companhia de Urbanização de Goiânia), exigindo maior eficiência na manutenção da cidade. Já na educação, anunciou medidas para aprimorar a infraestrutura das escolas municipais e garantir o pleno funcionamento das unidades de ensino.
O prefeito tem adotado uma postura combativa, e para muitos até truculenta, durante fiscalizações na cidade. Em um episódio amplamente divulgado, Mabel abordou de forma agressiva o proprietário de uma distribuidora de bebidas, ameaçando-o com multas e fechamento do estabelecimento por supostamente não manter a calçada limpa. Além disso, em outra situação, ele parou o trânsito para consertar uma tampa de esgoto na Avenida T-63, atitude que dividiu opiniões entre os que consideraram uma demonstração de proatividade e os que viram ação como mero marketing político. E por falar em marketing político, tornou-se impossível não traçar comparativos entre as ações de Mabel e o início do mandato do ex-prefeito de São Paulo, João Doria.
Ao comparar o início da gestão de Sandro Mabel com a de João Doria em 2017, observa-se um padrão semelhante de políticos que apostam na gestão como marca. Doria, em seu primeiro ano como prefeito de São Paulo, usou estratégias de comunicação para construir a imagem de “gestor eficiente”, promovendo mutirões de limpeza e vestindo-se de gari. Mabel segue um caminho parecido, mas com um diferencial: enquanto Doria investia na construção de uma imagem controlada, Mabel se arrisca em confrontos diretos e gestos teatrais que, sem um planejamento de comunicação adequado, podem comprometer sua imagem pública.
Vários especialistas apontam que a postura de Mabel pode comprometer sua relação com a população. Sua agressividade em abordagens pode ser interpretada como autoritarismo, afastando parte do eleitorado e gerando resistência. A exposição excessiva em situações polêmicas também pode desviar o foco das conquistas de sua gestão. Doria soube dosar sua comunicação e evitar situações que pudessem comprometer sua reputação. Já Mabel, com sua abordagem espontânea e, por vezes, agressiva, corre o risco de se tornar mais conhecido pelas polêmicas do que pelos avanços administrativos.
Sandro Mabel demonstrou iniciativa em questões críticas da cidade, mas sua estratégia de comunicação precisa ser melhor alinhada para evitar desgastes desnecessários. A gestão pública exige equilíbrio entre ação e percepção: é necessário mostrar trabalho sem gerar rejeição. Caso contrário, a imagem de um prefeito eficiente pode rapidamente dar lugar à de um líder intempestivo e impopular.