Por Marcos Marinho, especial para o Política e Cotidiano
A chegada de Sandro Mabel à prefeitura de Goiânia gerou grandes expectativas e, ao mesmo tempo, trouxe desafios imensos para sua gestão. A cidade, que enfrenta uma crise sem precedentes em diversas áreas, demanda soluções rápidas e eficazes. As primeiras medidas anunciadas pelo novo prefeito refletem uma postura proativa e voltada para problemas emergenciais, mas será que elas realmente atendem às necessidades estruturais da cidade?
Na área da saúde, Mabel propôs uma ampliação dos serviços pediátricos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais), além do restabelecimento do fornecimento de medicamentos e melhorias na infraestrutura de atendimento. Essas ações vêm em boa hora, dado o cenário caótico enfrentado pelo sistema de saúde municipal. No entanto, a pergunta que fica é: como garantirá recursos e suporte operacional para transformar essas intenções em resultados concretos? A recuperação da saúde pública exige mais do que soluções paliativas; é necessário um plano abrangente e sustentável.
Outra medida que merece atenção é a liberação dos corredores de ônibus para motocicletas, uma tentativa de melhorar a mobilidade urbana. Embora seja uma solução inovadora, ela não está isenta de riscos. A integração de motocicletas em corredores de ônibus pode aumentar o risco de acidentes, principalmente se não houver fiscalização adequada e campanhas educativas para conscientizar motoristas e motociclistas.
Nos mutirões de limpeza urbana, Mabel demonstra compreensão das demandas básicas da população. O acúmulo de lixo não apenas degrada o ambiente urbano, mas também representa riscos à saúde pública. Contudo, é fundamental que a gestão não se limite a soluções temporárias. Goiânia precisa de políticas estruturantes para garantir que a limpeza urbana não dependa apenas de ações emergenciais.
Sob a perspectiva midiática e de marketing, as primeiras ações de Sandro Mabel são estrategicamente alinhadas para conquistar a opinião pública. Medidas como melhorias na saúde e mutirões de limpeza têm forte apelo junto à população e são facilmente destacadas na imprensa. Essa abordagem pode reforçar sua imagem como um gestor preocupado e dinâmico. No entanto, há um desafio maior que paira sobre sua gestão: um processo de cassação de sua chapa. A instabilidade política pode nublar a percepção positiva de suas ações e limitar o impacto de sua agenda.
O momento exige mais do que boa comunicação e iniciativas pontuais. Goiânia carece de soluções estruturais que enfrentem os problemas de forma definitiva. Sandro Mabel precisa demonstrar que está disposto a ir além do imediatismo e da pirotecnia, com um planejamento que contemple não apenas o presente, mas também o futuro da cidade. Se conseguir alinhar eficiência administrativa com uma gestão transparente e participativa, ele poderá transformar as adversidades em uma oportunidade única de reposicionar Goiânia como uma cidade modelo.
Marcos Marinho é professor e estrategista político
