O governo da Venezuela anunciou o rompimento das relações diplomáticas com o Paraguai, após declarações do presidente paraguaio, Santiago Peña, reconhecendo Edmundo González como o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais venezuelanas de 2024. A decisão foi anunciada poucos dias antes da posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato, marcada para 10 de janeiro.
Além disso, Maduro acusou o governo da Argentina, liderado por Javier Milei, de estar envolvido em ações para desestabilizar o país, incluindo um suposto plano para assassinar a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez.
Ruptura com o Paraguai
A crise com o Paraguai foi deflagrada após Peña afirmar que González, líder opositor, deveria assumir a presidência. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou que a posição paraguaia viola o princípio da não intervenção nos assuntos internos de outros países.
“É lamentável que governos como o do Paraguai continuem subordinando sua política externa a interesses estrangeiros, promovendo agendas que visam minar os princípios democráticos”, declarou a chancelaria venezuelana.
O governo paraguaio, por sua vez, reforçou seu apoio a González e deu um prazo de 48 horas para que o embaixador venezuelano deixasse o país.
Acusações contra a Argentina
Maduro também acusou o governo argentino de envolvimento em planos violentos contra a Venezuela. Segundo ele, serviços de inteligência identificaram ações coordenadas para desestabilizar o país, com a captura de “mercenários de 25 nacionalidades”.
“O governo argentino está diretamente ligado aos planos para atentar contra a paz da Venezuela. Todos os processos estão judicializados e em alto nível de investigação”, afirmou Maduro.
Até o momento, o governo argentino não respondeu às acusações. Contudo, Javier Milei recebeu Edmundo González em Buenos Aires no último sábado, reforçando o apoio ao opositor venezuelano.
Apoio dos Estados Unidos à oposição
Nos Estados Unidos, González reuniu-se com o presidente Joe Biden, que o reconheceu como “presidente eleito da Venezuela” e defendeu uma “transição pacífica de poder”.
A chancelaria venezuelana repudiou a posição de Biden, acusando seu governo de apoiar um “projeto violento derrotado pelo voto popular”.
Contexto internacional
A eleição presidencial de julho de 2024 na Venezuela foi marcada por controvérsias, incluindo a ausência de auditorias e a não divulgação de dados detalhados por mesa eleitoral. Apesar disso, o governo Maduro alega que o pleito foi ratificado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
Enquanto países como o México e possivelmente o Brasil e a Colômbia enviam representantes à posse de Maduro, outras nações, como Paraguai, Estados Unidos e Argentina, questionam a legitimidade do processo eleitoral.
Com mais de dois mil convidados internacionais já presentes em Caracas, o clima político segue tenso, e a posse de Nicolás Maduro promete ser mais um capítulo de instabilidade na América Latina.