*Destaque, Brasil, Política Violência política de gênero domina cenário das eleições municipais de 2024

A campanha eleitoral de 2024 bateu um recorde histórico de violência política, com 714 casos registrados entre novembro de 2022 e outubro de 2024, segundo levantamento das organizações Justiça Global e Terra de Direitos. O estudo revela que a violência de gênero foi a principal face dessa realidade, atingindo especialmente mulheres cisgênero e transgênero.

Violência política de gênero: números alarmantes

  • 38,4% dos casos tiveram mulheres como alvo direto (274 registros).
  • Mulheres pretas e pardas foram vítimas em 126 casos.
  • 80% dos agressores eram homens cisgênero, muitas vezes também parlamentares.

Formas de violência mais comuns contra mulheres

  • Ameaças: representam 40% das ocorrências, com destaque para as 19 ameaças de estupro.
  • Ataques virtuais: cresceram exponencialmente, facilitados pela falta de regulação da internet.
    • 73,5% das ofensas ocorreram em redes sociais, e-mails e plataformas digitais.

As candidatas e pré-candidatas, além de suas assessorias, enfrentam agressões verbais, exposição de dados pessoais e campanhas de ódio virtual que contribuem para inibir sua participação política.

Contexto da violência

  • Entre 2020 e 2024, os casos aumentaram 2,6 vezes. Comparando com 2016, o salto é de 12 vezes.
  • Os Estados mais afetados foram São Paulo (108 casos), Rio de Janeiro (69), Bahia (57) e Minas Gerais (49).

Impunidade e urgência de ação

A impunidade e a demora do sistema de justiça são apontadas como fatores centrais no avanço dessa violência. Apesar da aprovação da Lei 14.192/2021, que criminaliza a violência política de gênero, poucos casos são enquadrados na legislação.

Medidas necessárias incluem:

  • Campanhas do TSE contra violência de gênero e discursos de ódio.
  • Programas de proteção específicos para candidatas e suas equipes.
  • Regulação eficiente das plataformas digitais para responsabilização dos agressores.

A pesquisa conclui que a violência política de gênero compromete não apenas a segurança das mulheres na política, mas a própria democracia. Combater esse cenário é uma responsabilidade coletiva que exige articulação entre sociedade civil, instituições democráticas e partidos políticos.

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